quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Dia da Saudade









Vi em uma postagem do facebook que hoje (dia 30) é o dia da Saudade.
Não sabia sinceramente que havia um dia para a Saudade.
Adoro sentir saudades,  penso que muitas pessoas são assim como eu.

Lembrar de bons momentos, cheiros, sabores...
Rostos queridos, mãos e sorrisos.
Uma paisagem, uma casa.
Uma árvore, uma plantação de tomates, uma chuva na tarde...

Um abraço de quem chega de longe, uma emoção deliciosa.
Uma roda de jovens  na esquina,  risos totalmente sinceros.
Uma criança dormindo em meu seio, segurando meu dedo.
Um pai idoso sentado na varanda,  esperando por uma prosa...

Uma mãe de avental preparando a gemada, um perfume de leite fervido.
Um avô de olhos claros como agua-marinha, balas de aniz no domingo.
Um sino da igreja anunciando a Ave-Maria, um fim de dia.
Um povo humilde curvando a cabeça,  um Sinal da Cruz.

Uma linda praia, crianças correndo.
um bonde subindo uma ladeira...

Uma mulher feliz, uma linda familia.
Um cão, um jardim, um gramado...

Gostaria de contar para mim do que é feita sua saudade?



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Férias???




Olá amigos muito queridos! tenho estado bastante ocupada, férias da criançada, como diz minha filha "caos instaurado"!
Sinto saudade de sentar-me para escrever algumas linhas, me conectar a vocês, visitar vocês...

Logo janeiro termina, e com ele as férias, deixando na gente aquela sensação de que poderia ter sido melhor, porque não fomos à praia? porque não fomos ao campo?
Simplesmente porque os pais não estão de férias,  grande injustiça, este ano não deu!

Bom, esse assunto sempre me leva  a uma nostalgia de infância. Houve época que os pais nem se preocupavam com viagens de férias.
Na minha época de criança foi assim. As férias eram nossas, o pai trabalhava e a mãe cuidava da casa, da comida, e de nós.
Mas com uma grande diferença: as ruas eram nossas, assim como as praças, o quintal enorme, as árvores, os dias inteirinhos nossos!
E chorávamos quando à noite, mortos de cansados, tínhamos que voltar pra casa, tomar banho e dormir.
Nem dormir a gente queria!
Até comer perdia seu atrativo quando tratava-se de terminar um buraco, uma pipa, uma casinha com fogão a lenha, uma cabana.

Lembro-me de minha mãe gritando na porta da cozinha: "venham comer, vai esfriar tudo! depois voces voltam a brincar!"
E nós temiamos que ela não nos deixasse mais voltar, porque voces sabem, mãe quando fica nervosa  arranja um modo de castigar os filhos rsrsrs

As roupas ficavam imundas, os pés estourados de tanto tropeçar e correr na terra, o cabelo duro de poeira.
Parecíamos tatús quando saem do buraco!

Tenho pena das crianças de hoje, desprovidas daquela  liberdade, daquela sensação de que o mundo era só nosso e resumia-se na nossa rua, nosso bairro, nossos amigos.

Deixo com voces meu carinho e a promessa de que volto assim que der um tempinho.

Foi bom ter vindo aqui para um dedo de prosa e as mãos cheias de saudade...






quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Do verbo doar...




Tenho um amigo, muito querido, irmão de meu genro, que fez a opção de morar só, em uma chácara, lá para os lados de Morungaba. Fica aqui perto, sempre nos vemos e falamos.
É uma pessoa que gosta de ajudar, trocar coisas e experiências, estar em contato com a natureza, trabalhar em sua roça particular, cuidar de seus cachorros. E tem amigos por toda a redondeza.
São na maioria pessoas pobres, muito humildes, lavradores de seus pequenos sitios, tirando dali o sustento minguado, uma gente sofrida.
Hoje ele me contou uma historia real, que me comoveu. Vou passar para voces.
Valdir, esse é seu nome,  conheceu uma familia que tinha um dos filhos bastante doente. Já adulto, a cor da pele amarelada, sem forças para ajudar na lavoura, em tratamento médico.
Impressionado diante das necessidades daquelas pessoas,  veio à cidade e pediu roupas e sapatos usados aos seus irmãos,  para doar.
Separou também algumas roupas suas, em bom estado, e com enorme alegria levou para aquela gente tão simples.
Alguns dias depois, acabadas as festas de fim de ano, voltou para sua chácara, sua casa.
Soube então que infelizmente o homem havia falecido. O que fazer, como ajudar? Já haviam feito o  sepultamento  no dia anterior. Decidiu-se então, como é bem de seu feitio, comprar pãezinhos e biscoitos, com um pouco de frios,  e dirigir-se à casa para uma visita de cortesia.
Encontrou uma familia destruida pela dor, os irmãos e os pais muito abalados, chorando muito, naquela casa tão pequena e triste.
Meu amigo disse-lhes que sentia muito por não estar presente ao velório, não ter tido a oportunidade de ajudar, fazer companhia.
Foi então que ouviu o que nunca esperou ouvir. A mãe de Claudio, muito abatida, disse:

- O senhor fez muito por nós.  Meu filho parecia um doutor,  de tão bem arrumado que estava com as roupas que o senhor deu. A gente não ia ter roupas para enterrar o nosso Claudio. Pode acreditar, ele parecia um doutor com aquela camisa bonita e a calça boa. A gente agradece demais.

Valdir chorou ao contar essa historia para mim. Na casa do Sr. Roque, bairro de Passa Três, distrito de Traviú,  sentado na pequena casa ao lado de uma familia inconsolável, ele aprendeu que um gesto tão fácil pode trazer consolação e dignidade.   Para aquela familia,  foi muito digno o sepultamento de seu filho, com roupas e sapatos decentes.

Resolvi contar para voces porque penso que servirá como reflexão. Para mim restou a inquietante sensação de que as lições veem exatamente de onde menos esperamos.

Um beijo ao meu amigo Valdir, que sabe o significado da palavra doar. Sem medidas.



domingo, 6 de janeiro de 2013

Coincidências



Vamos falar sobre coincidências, dolorosas coincidências.
Em meados do ano passado meu irmão Marcio despediu-se de sua cachorra, depois de uma interminavel doença, meses de sofrimento, muita dor.
Uma amiga que partia. Samantha era branca, grande, a cara achatada e um dos olhos com uma mancha preta, como um tampão de pirata. Deixou saudades, muitas fotos, lágrimas.

Fazem uns dois meses que chorei junto ao meu mano, o Edison, quando seu cachorro querido morreu.
Foi um súbito mal do coração que levou o Sebá, o lindo e negro Sebastian, de pelo brilhante e grandes orelhas.
Meu irmão ficou inconsolável, eram amigos pra valer, conversavam e brincavam muito. Todos em volta ficamos muito tristes.

Na semana passada minha irmã me telefonou aos prantos, tinha morrido a Lua, sua cachorrinha linda, de olhinhos tão pequenos e negros, orelhinhas espertas.
Lua era tão pequena, tão branca, tão delicada. Não me lembro de ver minha irmã sem ela no colo, ou ao lado no sofá, ou deitadinha aos seus pés.

Animais assim são muito especiais, e quando se vão deixam uma sensação de perda como se fossem humanos, ocupavam um espaço na casa, no coração.
E o nosso Biriba está muito doente. Vive com minha filha desde que mudei para um apartamento.
É um tremendo vira-latas, castanho, bonito e simpático.
Amoroso, amigo e brincalhão. Mas está muito doente, sabemos que viverá pouco entre nós.
Estamos fazendo o possivel para dar-lhe tranquilidade, para que não tenha dores, estamos cuidando dele.
Ele nos ama de maneira incondicional, fiel. Cuidar é o mínimo que podemos fazer por ele.

Incríveis coincidências essas de sermos irmãos e estarmos assim, envolvidos e emocionados por nossos cães que se foram ou estão por ir.

A amizade de uma pessoa por seu cão,  e as lágrimas que ela derrama por esses seres queridos, silenciosos e fieis, faz-nos sentir que o mundo ainda é bom, tem muita coisa boa para se ver, e viver.

esse é o nosso Biriba, lindão!