terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma janela para o sol...


 

Quando abriu as cortinas do quarto a sensação foi de dor nos olhos, uma luz tão intensa e clara, que a deixou cega por instantes.
Tão forte a luz que automaticamente soltou as cortinas e virou-se de costas para defender-se do incômodo.
Aos poucos foi abrindo os olhos, a dor diminuindo e as imagens do quarto surgindo lentamente.
Que sol é esse? Havia desembarcado no dia anterior, à noitinha, e se dirigido diretamente ao hotel.
Após o jantar, cansada demais para qualquer programa, adormecera quase que imediatamente.
Seu marido dormia ainda,  entre os lençois, também cansado da longa viagem no dia anterior.
Mudar de país é complicado, deixar sua terra e suas coisas, as pessoas queridas, suas raizes e historias.
Tudo para acompanhar o marido, e atender as exigências da emprêsa onde ele trabalhava.  Seriam apenas quatro anos.
Nem sabia ao certo onde iria morar, trouxe apenas roupas e pouquíssimos objetos pessoais, alguns porta-retrato, uns livros, poucos discos.
Nada conhecia sobre esse país tropical onde acabara de desembarcar, a não ser que eram hospitaleiros e  alegres. Ficaria nessa cidade do litoral ao menos no primeiro mês, depois se instalaria na grande cidade do sudeste, onde se encontrava a matriz da emprêsa.
Pensou então: -vou abrir novamente as cortinas, mas desta vez com cuidado, devagar, e com os olhos fechados,  para abri-los delicadamente, sem agressão.
Fez isso e teve à sua frente, como um presente, a imagem mais iluminada que jamais vira.
O calor mais macio e úmido que jamais sentira.
Viu o mar verde, com espuma branca, tão lindo e perfumado como jamais imaginara.
E fechou os olhos, e deixou-se banhar por aquele sol atrevido, inebriante, encantador.
Soube naquele momento, para nunca mais esquecer, a alegria e o prazer de se deixar abraçar por esse carinho gratuito e intenso.

Isso foi uma lembrança de minha querida Tricy, quando chegou por aqui da Alemanha, em 1966, onde ficou até 1970.
Isso que relatei ouvi de seus lábios, apaixonados pelo Brasil, e principalmente por seu sol e mar.
Ela foi muito feliz entre nós, e deixou saudades imensas.
Um brinde à Tricy e seus olhos sensíveis, azuis, que levou na pele a cor de nosso sol, e no olhar a luz que ela tanto amava. Oxalá esteja bem feliz em sua terra!
Tim-tim!





sexta-feira, 27 de julho de 2012

Isso eu não aprendi



Ferias, aqui em casa, tem outro nome : loucura!
As crianças presas em apartamento ficam incrivelmente entediadas, e a vovó também.
Portanto, tudo sai da rotina, o dia fica confuso e a gente não dá conta dos compromissos.
Mas hoje vou contar porque não aprendi a andar de bicicleta.

Imaginem uma rua tranquila, com uns duzentos metros de espaço plano.
Ao fim dessa planície voce tem duas opçoes: ou desce para a rua que leva à avenida principal, lá embaixo, ou vira á esquerda para entrar em outra rua.
Apenas um detalhe, aqui muito importante: se voce não desce para a avenida, mas também não vira à esquerda, tem um terreno baldio bem à sua frente, inclinado para baixo, como um barranco, onde as pessoas antigamente jogavam lixo.
Mas era muito lixo, o serviço de coleta não funcionava no bairro, consequentemente, sempre havia alguém virando uma lata de lixo por lá. Eram restos de comida, frutas, legumes,  papeis, enfim, tudo o que vai para o lixo.
Vez ou outra alguém entrava lá, cobria de mato e colocava fogo, para evitar mau cheiro, ou bichos indesejáveis.
Como era um grande lote baldio, ninguém se importava com isso.

Como sempre quis andar de bicicleta,  tomei a decisão de aprender, aos 11 anos, mas tinha medo. Pedi então ao meu irmão que me ajudasse, e ele foi muito prestativo,  emprestou a bicicleta, me deu a maior força.

O Edison, três anos mais jovem do que eu, me fez sentar na bike dizendo, todo metido - fique tranquila, pode deixar que eu não solto você, vai pedalando e olhando pra frente! - e lá fui eu, leve e solta, sabendo que ele estava correndo logo atrás, segurando a bike.
Num determinado momento ouvi a voz dele, longe, gritando : "vai tata, isso mesmo, vai...".

Dá pra imaginar o que houve? olhei para trás, me desesperei ao constatar que estava só, perdi completamente o contrôle, atravessei a rua e rolei barranco abaixo.
Era um barranco e tanto antes de cair no lixão...eu e a bicicleta.
Meu irmão e seus amigos chegaram logo em seguida, enquanto eu me levantava, chorando e tirando macarrão dos cabelos.

Não me lembro de ter sentido vergonha maior, e nunca esqueci os sorrisos dos moleques.
Meu irmão tentou aliviar a bronca, desceu o barranco para pegar a bike, queria que eu tentasse novamente.
Mas eu estava mortificada, destruida, envergonhada demais, e queria mata-lo!

Até hoje damos boas gargalhadas quando nos lembramos do episódio,  e o Edison jura que a intenção foi me ajudar a ficar mais confiante, mas eu ainda penso que foi muito prematuro, ele soltou muito cedo!

Nunca mais tentei aprender, a não ser quando as crianças e meu marido andavam pelo sitio, em Ibiuna e eu tinha muita vontade de andar também.  Cheguei a sentar em uma, determinado dia, mas ao ouvir meu marido dizer :  "vai, pode ir que eu seguro" -  pulei fora rapidinho...
Essa era a senha para eu descer sem pestanejar  rsrsrs
Nunca aprendi, mas imagino que a sensação de liberdade deve ser deliciosa, com o vento no rosto...

E o mano dizendo que queria apenas me ajudar...eu não acredito, e você?


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Brincadeiras?

 

Vamos combinar, quando o assunto ficar cansativo voces avisam, certo?
Caso contrário voces correm o risco de ler durante meses as lembrancas e saudades de uma mulher nostálgica.
Portanto, cuidem disso!
Brincadeiras...o mano fez a sugestão e lá vamos nós por esse delicioso caminho.
Levei tantos tombos que minha mãe  proibiu brinquedos de menino para mim.
Entenda que brinquedo de menino eram as pernas de pau, altas e mal feitas, que deixavam a crianca sem apoio algum, ocasionando tombos espetaculares nos mais lesadinhos. Eu era meio lesadinha.
Um dia o tombo foi tão feio que perdi os sentidos. Caí rente ao portão e acordei na sala de casa com minha mãe chorando.
Quando percebeu que eu estava bem deu-me uns tapas e ouvi a promessa de nunca mais brincar na rua. Que nada! no dia seguinte estava lá, mas mamãe olhava de longe para eu não repetir a façanha rsrsrs
Fora as brincadeiras de roda, pega-pega, esconde-esconde, bate-bola, amarelinha, pular corda, passa anel, e tantas que eram "unisex" havia as de menino que eram: bolinha de gude, pipa, carrinho de "rolemã"(esse nome merece uma postagem extra!) perna de pau, futebol, bate-bafo,  e muitas outras que voces me ajudarão a lembrar.
Na casa de meus melhores momentos de infancia o quintal era enorme, parecia uma chácara no meio da cidade, e meu avo plantou ali um mandiocal.
Quando os pés de mandioca cresceram, aquilo tudo virou um paraizo para nós, criancas loucas por encontrar algo diferente.
Para quem não sabe, ou nunca viu, uma plantação de mandioca, depois de adulta, fica perfeitamente limpa rente ao chão. Nao crescem pragas porque a sombra dos arbustos é muito densa.
 
Conclusão? um espaco fresco, delicioso para explorar, com trechos escuros e outros mais claros, onde dávamos asas a nossa fértil imaginação.
Tínhamos que andar agachados, e mamãe sabia onde estavámos porque as folhas de cima tremiam, denunciando nosso paradeiro.
Meu irmao e seus amigos faziam armadilhas para que as meninas caíssem. Buracos cobertos de gravetos em um trecho mais escuro, e os tombos eram inevitáveis, seguidos de muita gargalhada.
Em outra postagem conto sobre a colheita!

Quanto à maneira como aprendi a andar de bicicleta (nao aprendi!) fica para outro dia, porque foi cruel!

Sinto que voces me ajudarão a lembrar de muitas outras brincadeiras gostosas, porque desconheço alguém que não tenha alguma travessura para contar. Que delicia!


terça-feira, 17 de julho de 2012

Segunda parte - sou do tempo que...

 
Quando fiz a primeira postagem já sabia que não escaparia da segunda!
Foram tantas sugestões e lembranças que eu preciso contar a voces.
vamos lá...sou do tempo que...
As televisões eram em branco e preto, e usavam válvulas (alguém se lembra?) que precisavam esquentar para a imagem aparecer rsrsrs
Séries de tv foram inúmeras as mencionadas. Aqui vai:
- Perdidos no espaço - com efeitos especiais incríveis.
- Familia dó-ré-mi
- Bonanza (rapazes bonitos!)
- Os Waltons - eu amava!
- Jeanie é um gênio - eu queria ser ela!
- A feiticeira - também queria ser ela (será que eu queria viver na moleza?)
Sei que existiram muitas outras séries,  um dia voltaremos ao assunto.
Sou do tempo que...
Os pais nos obrigavam a tomar "emulsão de scot", um óleo de fígado de bacalhau,  de sabor indescritível.
Era indicado para afastar anemias, fortalecer o aparelho digestivo. Credo, era horrivel demais!
Tinha também o Biotônico Fontoura para fortalecer o sangue e Calcigenol para os ossos.
 
Quem se lembra de ter tomado Crush? e Graphete? e Tubaina?
E quem comeu rosquinhas de leite São Luiz?  Chupou drops Dulcora?
E os canudinhos recheados com doce de leite? hummmm!

Tenho medo de me tornar cansativa, mas continuo só mais um pouquinho.
Minhas amigas lembraram-se até do curso de datilografia e das lambretas.  As lambretas eram o sonho de consumo dos rapazes. Eles queriam muito uma jaqueta de couro preta para exibir sobre uma lambreta brilhante.
 
Sou do tempo que...as meninas usavam anáguas (sabe o  que é?)  para que as saias e vestidos não ficassem transparentes, ou para que ficassem mais armadas.
E as colas nas provas do colégio?  Eram escritas na régua, ou na borracha, em letras mínimas para que o professor nao notasse.
Vou confessar aqui um delito: eu escrevia uma fórmula, ou um verbo, em minha perna. Não usávamos calças compridas, apenas saia, o que facilitava aquela olhadinha rápida. Que feio em? também acho, mas fiz!

Meu irmão sugeriu que falássemos sobre as brincadeiras de crianças. Pois falaremos sim, mas acredito  que precisará de outra postagem.
Se estiverem cansados fiquem á vontade para reclamar,  prometo me sensibilizar com a opinião de voces.
Por ora é só, pois sou do tempo que as pessoas davam uma chance para os amigos falarem.
Pois então falem, adoro ler suas opiniões.  Agradeço muito!




sexta-feira, 13 de julho de 2012

sou do tempo que ...

 


Podem chamar isso de plágio, ou quem sabe de falta de criatividade, mas eu nao ligo.
Quando li a postagem do Christian, do blog Escritos Lisérgicos, falando desse assunto, não resisiti, e aqui estou!
 
Sou do tempo que...
assistia ao circo do Arrelia, domingo à tarde, sentada no chão da sala repleta de crianças que moravam em nossa rua, e gostávamos de rir com as estripulias do Pimentinha.
Nao perdia um capitulo do seriado RinTinTin (o cão), onde havia um menino chamado cabo Rusty, mas o que as meninas viam mesmo era o tenente Rip Master, meu primeiro exemplo de homem bonito e elegante rsrsrs. (acima)
Pensam que as meninas daquele tempo eram bobas?
Algumas eram mesmo! mas a maioria era bem espertinha e sabia o que era para ser admirado.
Sou do tempo que...cantava-se muito, mesmo sem saber uma palavra em ingles, as musicas de Neil Sedaka, Beatles, meu amado Elvis (outro homem bonito)  Bob Dylan e muitos mais. Mammas and Pappas? cantei e dancei muito!
Ray Coniff (La mer!!!) dancei demais!
Sou do tempo que...dançávamos de rosto colado, bem pertinho, sentindo o cheirinho bom -se fosse o garoto anonimamente paquerado o cheiro era ótimo - e rezando para que a música nao acabasse mais...
Fazíamos bailes para comissao de formatura, nos terraços ou salas de nossas casas, regados a cuba-libre (os meninos faziam vaquinha para comprar run de qualidade duvidosa, as meninas levavam coca-cola), e a mistura era um copo de coca para uma colher de run rsrsrs.
Tinha que render muito, pois o dinheiro arrecadado ia para as despesas com o baile de formatura.
Sou do tempo que esses bailinhos eram das 18 às 22 horas - podem rir!!!
Sou do tempo que...as meninas usavam meia-de-seda com costura preta, um horror, porque tinha que ficar bem retinha na parte de trás da perna.
 
Meia calca? nao havia rsrsrs
As meias eram presas por ligas, que nem sempre as mantinham no lugar, ocasionando riscas tortas ou pior - franzidas!
Sou do tempo que ...usavamos conjuntinho de ban-lon, com saia plissada.
Ban lon? era um tecido sintético, quente, grudava no corpo - as meninas americanas usavam nos filmes do Elvis - e nós por aqui cozinhávamos dentro deles para ficar "por dentro da moda". 
 
Os cabelos? as donas dos crespos faziam "touca" para alisar (o meu caso),  já os lisos eram enrolados com "bobies" para ficarem armados. E depois uma núvem de laquê para disciplina-los rsrsrs

Ah! sou do tempo que ninguém tinha carro, apenas algumas familias mais abastadas. Portanto, coitada da garota que pegasse carona com um rapaz.  Logo todos ficavam sabendo e a pobre  ficava "falada".
Porém... se fosse carona coletiva, era perdoada. Qual a melhor saída?  quando uma amiga estava paquerando um rapaz que tinha carro, todas nós pegávamos carona juntas,  para dar a eles a oportunidade de uma voltinha... que delicia!
Sei que voce está com vontade de contar algo, sinto isso! Que tal contar agora?
Ficará apenas entre nós, e toda a blogosfera rsrsrs
Tenho uma sensação de que essa postagem vai merecer uma segunda parte...


fala sério!!!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fechado para balanço!

Pessoal amigo, meu pequeno dinossauro, que voces chamam de computador, entrou em parafuso já faz algum tempo.
Tenho brigado muito com ele, mas não dá...
Hoje vai para o técnico e eu espero que possa ficar pronto em doi dias.
Estou cansada de suas chatices e teimosias.  Já avisei que essa é a sua ultima chance, senão...reciclável nele!
Por favor tenham paciência e não me esqueçam. Até...


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Espiritualidade



Quando paro para refletir sobre espiritualidade, um turbilhão de emoções e lembranças toma conta de mim.
Nasci em familia católica,  fui batizada e casei-me  na igreja. Batizei meus filhos e cuidei que recebessem a primeira eucaristia.
Na juventude cumpria com alegria as celebrações do calendário religioso.
Foi depois... bem depois da juventude,  que percebi em mim uma inquietação,  pouco confortável,  incômoda.
Houve um momento em minha vida que foi determinante, uma hora desesperada e tremendamente dificil. Penso que foi meu pior momento.
E foi exatamente nessa hora dificil que a minha igreja me decepcionou,  escorregou entre meus dedos, não soube me acolher.
Não entrarei em detalhes pessoais, pois os mesmos costumam ser cansativos para quem não os viveu.
Os anos, o inexorável transcorrer dos anos,  trouxeram para meu coração um modo novo de crer.
Me emocionam os hinos sagrados quando os ouço em um casamento ou batismo.
Me comove também a simplicidade das pessoas humildes, puras, que seguem os rituais sem contestar, acreditando de maneira incondicional.
Observo meus netos frequentando o catecismo e sinto que eles gostam,  participam das inúmeras atividades da comunidade, são felizes.
Respeito sinceramente meus filhos e as crianças, que seguem suas vidas sem a mínima intervenção ou crítica.
Não vou à igreja, nem à missa, nem sigo mais os rituais bonitos e emocionantes.
Penso em Deus como uma imensa luz, incrível e enorme luz, para a qual volto meu olhar quando preciso de força e energia.
Essa energia, para mim, vem dessa luz.  Vem da natureza exuberante, vem do mar maravilhoso e forte.
Minha igreja é minha casa, minha familia, minhas crianças.
Meu ofertório é carinho, atenção e respeito aos que passam pela minha vida.
Minha gratidão eterna é para as pessoas que foram importantes em minha vida e me amaram de verdade.
Minha vida não teria sentido se eu não praticasse o bem, ajudasse quem precisa, estendesse a mão à quem amo.
Meu confessionario é  meu travesseiro, quando deito em paz e consciente de que tenho muito,  muito mais do que mereço.
Minha preçe é uma conversa boa com meus filhos, um olhar nos olhos de meus irmãos, um abraço em meus netos.
Não ter preconceitos, não difamar, principalmente não odiar.
Essa é minha religião.   Amém!




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