quarta-feira, 27 de julho de 2011

O portão

Quando o carro saiu do asfalto e entrou mansamente no pequeno trecho de terra que leva à porteira do sitio, seu coração desmentiu todas as promessas que havia feito.
Durante anos, muitos anos, acreditou que saudade era um sentimento normal diante de tantas lembranças boas.
Dizia sempre para si mesma que não devia ser apegada a bens materiais, que o que foi vivido era passado, tinha ficado por lá, bem longe...
Poucos minutos antes pensava que era apenas um passeio para rever lugares queridos, conferir como tudo estava agora, depois de tantos anos.
Só que ela não esperava esse encontro, exatamente na curva da estrada de terra, bem atrás da capela.
Os olhos ficaram turvos, os braços se estenderam, as pernas não obedeciam. Desceu  do carro como se estivesse bêbada e lentamente foi se aproximando do portão.
Sentiu então toda a alegria do reencontro, a emoção de poder olhar, a  grande saudade que durante tantos anos estivera contida, explodindo em lágrimas.
Era seu encontro com o passado, ali, depois do portão, esperando...
E soube naquele momento que nem um dia sequer havia vivido sem que desejasse voltar.
E soube também que aquele pedaço de chão seria sempre seu,  qualquer que seja o dono da terra, porque ali estavam gravadas suas pegadas,  plantadas suas árvores, semeadas suas flores.
Naquelas sombras tranquilas passeavam seus passos, e naquela brisa fresca descansava seu coração.
Se apurasse os ouvidos podia ouvir sua voz, alegre, flutuando pelo pequeno vale, descendo como as águas da fonte, gelada e limpa.
E a mulher pôde então chorar todas as lágrimas guardadas, molhar a terra, aliviar o coração.
Eu a vi voltar para o carro, olhar novamente o portão e partir. Por poucos segundos nossos olhares se cruzaram e eu pude saber então que ela nunca mais havia encontrado a paz que tivera por lá.
A vida obriga as pessoas a percorrerem novos caminhos. Que bom que esses caminhos são de mão dupla, possibilitando a volta, para matar saudade...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy, adeus!



Desde sábado à tarde que meu coração anda inquieto, com uma pontinha de tristeza, uma vontade de escrever algumas palavras para Amy.
Sim, Amy Winehouse, a menina dona daquela voz magnífica, daquele gingado único ao cantar o "soul" como ninguém jamais cantou.
Admirava a sua voz forte, poderosa, afinadíssima. Perfeita para cantar a música dos negros, dos guetos, dos bares americanos frequentados por cantadores de jazz. Pessoas com vozes únicas,  repletas de calor e uma poderosa carga de paixão.
Uma garota que tinha estilo, e demonstrava ter um ótimo humor ao vestir-se e pentear-se daquela maneira só dela, debochada e irreverente.
Como pode, alguém que poderia ter o mundo aos seus pés se entregar assim às drogas e ao álcool?
Que imensa tristeza assistir ao seu último show, sendo vaiada porque não se lembrava das letras, balançando o corpo, procurando com os olhos alguém que a salvasse.
Como permitiram que ela ficasse tão só? Estava claro que precisava de ajuda.
Hoje vi um comentario de sua mãe que disse: - sabia que esse dia ia chegar, só não esperava que fosse tão rápido.
Mas então porque não tomou providencias? ela dava sinais de total descontrole.
Ela não amava sua saúde, não amava seu corpo? Estava tão dependente que já não ouvia a familia?
Mas porque a deixaram tão só...?

Acho que estou muito confusa com relação a tudo isso, acabo escrevendo bobagens.
Espero que a morte tão prematura dessa menina talentosa faça com que os jovens reflitam sobre o poder avassalador das drogas.
Já perdemos gente interessante demais por causa delas. Todos eram infelizes, profundamente infelizes.
Fico muito triste quando penso no desperdício, na enorme perda que os fãs, a familia, os amigos estão tendo que enfrentar.
Que ela descanse finalmente em paz. E que a pessoa que a apresentou às drogas e a tirou do caminho de uma vida brilhante tenha muitos anos pela frente para arrepender-se.
Espero que me perdoem o desabafo, mas estou cansada de perder ídolos magníficos por conta dessa maldita falta de atenção e de carinho que assola o mundo.
Um brinde à Amy, uma voz jovem e explêndida que se calou para sempre.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Para Bárbara

Primeiramente quero me desculpar porque fatalmente ficarei alguns dias sem comentar nos blogs de minhas queridas amigas.
Trata-se de um problema em meu computador que teima em não me obedecer.  Não consigo postar comentários, e hoje não posso ao menos visitar os blogs. Vamos tentar sanar o problema o mais rápido possivel.
Sinto muitíssimo, mais por mim que adoro visita-las e deixar comentários. Prometo que logo, logo estarei de volta.

Agora, vamos à Bárbara:-

Essa belezura aí em cima,  (com Larinha, minha neta, ainda recém-nascida) é filha de meu irmão, Edison, aquele que chora muito e gosta de cozinhar.

É uma querida, que faz aniversário hoje,  e que nesse ano de 2011 tem muito para comemorar, afinal colou grau em Direito, seguindo os passos do pai,  dando-lhe uma enorme alegria.
  
Fico muito feliz em poder fazer uma pequena homenagem para minha sobrinha linda, tão carinhosa e fofa.
Prometi que faria uma postagem para cada pessoa especial de minha familia durante o primeiro ano do blog. 
Alguns esquecem e ficam surpresos quando são mencionados, outros cobram e ficam aguardando o seu dia.
Bárbara faz parte do segundo grupo.  
Nunca me esqueceria dela. Foi um bebê lindo, rosada, nariz avermelhado e lábios de cor intensa, pareciam maquiados.
Seus primeiros anos de vida vivemos intensamente juntos. Sinto saudade de suas gargalhadas, seu olhar incrivelmente travesso, seu jeitinho de ir chegando e se encostando na gente.

Hoje é um mulherão, e mesmo tendo o Rodrigo, um namorado lindão, para mimá-la, essa menina continua sendo o grande amor de seu pai e de minha cunhada Margarida.
Bárbara,  fique com meu abraço e meu beijo bem carinhoso. Que seus passos caminhem sempre a estrada do bem, que seus olhos só vejam alegrias, que sua vida seja apenas sucesso e vitórias.
Te amo de montão.
E não me faça essa cara de surpresa porque você estava sentada à beira do caminho, esperando essas palavras, faz um tempão...


sua "tia vi".

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Viva!

Ao atender o telefone reconheci imediatamente a voz que me disse: -"é a minha prima favorita?".
Respondi prontamente :- "é ela mesma, a única!".
Uma brincadeira nossa (ou não) sempre que nos falamos pelo telefone.
Fiquei nas núvens quando soube o motivo da ligação.

- Vem prá cá no sábado, traz todo mundo, vamos comemorar minha saúde!

Não dá para explicar aqui, mesmo que tente, a emoção e a grande alegria que senti. Foi como se um grande raio de sol entrasse pela janela em uma manhã cinzenta e fria.
Coração alegre, aquecido, cheio de luz.
Tânia acaba de sair de um tratamento intenso, longo. Antes, uma cirurgia bem sucedida e depois a quimio, a radio, e finalmente a cura!
Como passar isso em um blog?sei lá...
Tânia é filha caçula de minha tia Agripina, tem três queridas irmãs, mora em Sorocaba.
Casada com Marcelo, mãe do Marcelinho, ambos queridos e fofíssimos.
Para mim essa mulher personifica a alegria, o bom humor, o carinho, a beleza.
Uma beleza luminosa, radiante. Impossível não notar quando ela chega, falando alto, rindo aberto.
É claro que vou no sábado. Quero celebrar muito, abraçar muito, rever as primas e seus agregados. Matar saudade, rir um bocado, comer idem...
Conto isso tudo porque quero dividir com vocês essa alegria e a benção de poder brindar à saúde.
Saúde Tânia, a vitória é toda sua e os grandes presenteados somos nós.
Tim-tim!!!


Essa é Tânia em fotos recentes, de peruca (não usa mais) que ela me enviou por e-mail com a seguinte mensagem:- Dá uma olhada no novo visual, com qual delas fico melhor?

domingo, 17 de julho de 2011

Simplicidade


Pessoas humildes me emocionam. Deve ser por causa de minha origem, de minhas raízes.
Meu pai foi um homem muito simples, criado em extrema pobreza, só calçou sapatos quando convocado para o exército.
Nascido e criado em fazenda de cana, com enorme usina para feitura do açúcar, no interior de S.Paulo.  Seus calçados eram "alpargatas" de lona, solado de corda, quando fazia frio. 
Papai contava que era feliz na fazenda (Samambaia) apesar da pobreza. Aprendeu a ler e escrever no exército, anos 40, e na sua inocência nem desconfiava que seu destino seria a Itália, segunda guerra.
Foram quase três anos em Campo Grande, MT,  quando finalmente a guerra acabou. Não voltou mais para sua Samambaia, e sim para Sorocaba, trabalhar na indústria, e a partir daí mudar totalmente seu destino.
Essa veia humilde de meu pai pulsa em mim. Nem tento deixa-la de lado ou ignorar. Sou uma pessoa essencialmente simples, como ele foi. 
Ninguém que chegasse em sua casa ia embora sem antes sentar na sala, tomar café e não raro ser convidado para "posar".  Pousar, dormir - a casa é sua, não repare, desculpe alguma coisa, volte sempre...
Fico muito emocionada quando me lembro de seu olhar contemplativo diante de luzes. Tudo o que brilhava era motivo de muita admiração.  Uma avenida bem iluminada era tão ou mais atraente do que um passeio na praia.
Anos mais tarde, quando proprietária  de um sitio,  pude conviver durante muitos anos com pessoas do campo, e tive o privilégio de observa-las.  Tinham uma educação esmerada, jamais sentavam-se sem serem convidadas, nunca entravam em casa se não limpassem bem os pés, falavam baixo.
Quando eram visitadas em suas humildes casas ficavam tão alegres com nossa presença que ofereciam a melhor cadeira, corriam coar café, sentavam-se todos ao redor, encantados.

Lembro-me de alguns vizinhos do sitio que nunca vinham em casa sem um presente. Eram seis ovos de galinha (meticulosamente envoltos em palha de milho) ou pacotinhos com café torrado e moído por eles, ou pés de alface. Batata-doce lavada e seca ao sol, um ramo de lavandas colhidas no pequeno jardim, qualquer coisa, dada com orgulho e recebida por mim com imensa gratidão e festa.
Sempre que podia eu levava roupinhas  para as crianças, sapatinhos, brinquedos.  Um prato diferente, meia duzia de copos. Ficavam tão alegres, tão gratos, que eu me indagava  se essa não seria a verdadeira felicidade. A origem da alegria está em dar e receber, com amor e gratidão.
Quando vejo alguém humilde, hoje, com aquele olhar que sustenta a dignidade a toda prova, que traz a luz de uma vida pobre e sofrida porém decente, sinto que estou vendo o olhar de meu velho pai.
E também de meus amigos tão distantes lá da roça, e de meus antepassados que foram assim:- gente sem muita cultura, alguns sem  nenhuma, mas alegres e tão gentis em suas palavras e ações. Tão generosos em seus sorrisos e seus carinhos para comigo. Adoro isso, e adoro ter lembranças lindas de gente que já passou, mas que deixou um perfume  inconfundível  de açúcar e lavanda, que fica nas mãos de quem dá e no rastro de quem sai de cena.




terça-feira, 12 de julho de 2011

Um luxo!

Dando uma olhadinha em uma revista Claudia, meio antiga, reli uma crônica de Danuza Leão, onde ela comenta sobre "o luxo". Fiquei, como sempre, envolvida pelo seu jeito gostoso de explicar.
Me peguei então  a matutar sobre o que as pessoas consideram um luxo.
Uma Mercedes-Benz ultimo tipo na garage, é um luxo? Quem sabe um trailer estacionado no gramado?
Ou talvez uma casa de campo com piscina, você acha que é um luxo?

Para alguns, exibir suas pratas, jóias, roupas de marca, é um verdadeiro luxo, irresistível!


Então, me questionei, sobre o que realmente é um luxo para mim. Uma feirinha de artesanato, em um sábado de manhã, sol gostoso, sapatos bem baixos, sem pressa. Isso é um luxo!
Um passeio pela praia, crianças correndo pegando conchinhas,  os pés molhados pelo mar, o sol batendo no rosto. Ah! que luxo!
Uma taça de morangos com iogurte, geladinha, numa sombra gostosa, mesmo que seja no quintal, nossa...que luxo!
Jogar conversa fora, numa reunião de familia, crianças brincando, panelas no fogão e um lindo copo de cristal com cerveja geladinha. Tem luxo maior?

E você, o que considera um verdadeiro luxo?
Conta pra gente, divida esse prazer conosco.
Tenho a sensação de que esqueci uma série de luxos, mas volto ao assunto. Até lá.



quinta-feira, 7 de julho de 2011

tornar-se mãe? tornar-se avó?

Hoje minha jovem e fofa amiga Ana Paula, do blog "lado de fora do coração" abordou um assunto muito interessante, mas que me deixou um tanto confusa.
Foi como voltar no tempo, reviver angustias.  Aquela sensação de desconforto voltou a me dominar, senti-me exatamente como há muitos anos atrás. A emoção me invadindo devagar, e uma grande amargura apertando meu peito.
Meu primeiro bebê morreu aos sete meses de gestação, ainda no útero. Foi doloroso, traumático,  mas acima de tudo muito solitário. Não ter minha mãe para segurar minha mão foi um momento muito cruel.
Meu marido,  jovem e imaturo como eu, não entendia o que estava acontecendo e apesar de ser um companheiro maravilhoso não conseguia me dar forças. Nem ele as tinha.
Voltar para casa sem meu bebê, sem enxoval,  nem fraldas e cueiros.  Sem berço, sem banherinha, sem chazinho.
Sem barriga, sem leite, sem coragem para recomeçar...sem uma mãe que me desse colo, me estendesse um lenço, chorasse comigo.
Depois disso tive três filhos, ótimos partos, voltava para casa, para minha vida, meu marido.  É lógico que adoraria ir para casa de minha mãe, como minhas amigas faziam, para descansar, ser mimada, ver minhas crianças serem embaladas pelas mãos sábias de uma vovó carinhosa.
Mas não era assim que a minha vida se desenrolava, e eu aceitava feliz, sem traumas nem grandes dores.
Confesso que a ausência de minha mãe foi muito pior quando perdi meu bebê. Nunca mais me senti tão desamparada.
Portanto quando hoje me perguntam assim, tão inesperadamente, o que é ser avó, eu acredito que é cuidar.
É estar ali, à mão, pronta para assistir, dar colo, aconchegar, sem ser invasiva ou inoportuna.
É amar sem limites,  acolher esses frutos de nosso amor,  embalar esses pequenos anjos tão lindos e cheirosos.
E principalmente ser avó é olhar para sua familia com orgulho e pensar que valeu a pena.
Sim, é isso, valeu a pena.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Basta sorrir...


Ando tão atrasada com minhas postagens que sinto-me no dever de me desculpar.
Um blog precisa de cuidados, como se fosse um jardim, afofando e regando a terra para colher lindas flores.
Aqui não é diferente - colho lindas amizades e muito carinho.
Ultimamente sinto-me dentro de um "balaio de gatos". O tempo esgota-se, as crianças doentes precisando de cuidados e essas mesmas crianças aniversariando.
Tio querido safenado precisando de colo. Irmão precisando trazer outro irmão para nossa cidade e pedindo acessoria.
No meio desse "fudurcio" um aniversario ficou sem postagem, mas não passou em branco.  A Mônica deve ter pensado :- Xiii dancei!   Dançou nada gatinha! Olha que foto bonita escolhi para mostrar você:


Você Mônica, que chegou para trazer luz, alegria e carinho para meu irmão e cunhada.

Quando você veio para nossa familia,  pequena e frágil,  tímida, olhos assustados, podia-se perceber o imenso poder de seu sorriso. Foram trocas maravilhosas que vocês fizeram. O seu sorriso lindo e seu amor imediato, em troca da imensa necessidade deles de terem uma criança para amar e cuidar.
Acredito mesmo que os céus colocaram você no caminho desses pais fragilizados pela enorme perda da filha, mas conscientes de que poderiam canalizar carinho e dedicação a uma meninazinha tão doce.

Então...a nossa Mônica completou 18 anos! Já tem namorado!
É o xodó do pai, que fala dela com imensa ternura, preocupado e amigo, como só esse fofo do meu irmão poderia ser.
Da mãe ela arrancou lágrimas (da tia também) quando dias atrás,  abraçada a ela agradeceu por esses anos todos de ajuda e compreenção.
Santo Deus, o que há para agradecer senão a tremenda sorte de seus caminhos terem se cruzado?

Então eu digo, basta sorrir! quem resiste a um sorriso sincero, meigo, bonito?
E é sorrindo que peço desculpas às minhas amigas blogueiras pela demora em postar.
E é sorrindo que peço desculpas à Mônica pelo atraso em celebrar seu niver.
Vamos sorrindo pela vida afora, sem medo de ser feliz, sabendo que a lágrima conforta, mas o sorriso cura.
Parabéns morena!
Nunca deixe de ser amiga de seus pais e principalmente encare a vida com alegria, assim ela te retribui com sucesso e amor.
Hoje brindo com guaraná...que chato né?  Guaraná para ela e cerveja para mim, que tal?
Melhorou...tim-tim!