sábado, 17 de dezembro de 2011

Em meio ao caos!



Essa semana que antecede o Natal é sempre meio complicada, nao é mesmo?
Sou uma pessoa desorganizada e inquieta. Sempre fui, deixo  tudo para a ultima hora, tenho que sair correndo para comprar presentes nos ultimos dias,  e  já nao encontro mais o que procuro...
O cardápio entao, muda muito pouco de um ano para outro, podendo ser adquirido meses antes, mas não...porque vou simplificar se dá para complicar?
E tem mais: é a semana que convivo com meus fantasmas. Eles estao por aqui, às pencas, pedindo licenca para serem lembrados, para ganhar um sorriso,  receber uma humilde homenagem.
E eu levo meus dias para fazer-lhes uma cortesia, lembrar de uma receita da sogra, do olhar do sogro ao ver a travessa de castanhas fumegantes, do pai ao pedir com uma piscadinha de olhos que eu colocasse mais cerveja em seu copo, da mae fazendo um vestido vermelho para minha boneca.
De meu marido chegando devagar na cozinha, respirando fundo para sentir o perfume de cravo do doce de abóbora e sorrir para mim aquele sorriso que eu daria a minha vida para ver novamente.
Vivo bem com minhas lembrancas, sao tranquilas e felizes. Os Natais sempre foram felizes demais, perfeitos, como só quem ama muito consegue ter.
Meus filhos foram e sao muito amados, e meus netos sentem e transmitem esse amor em seus sorrisos lindos.
Só sentimos saudade do que foi bom, e continuo aqui escrevendo a nossa historia, fazendo com que o Natal das criancas seja tao mágico como foram os nossos.
E essa vovó destranbelhada, atrasada, que nunca dá conta de tudo mas que sempre chega na hora, deseja a voces meus amigos amados um Santo Natal.
Que possam sentir a alegria dos anjos e a beleza do amor aquecendo seus coracoes.
Como nao sou boba nem nada, faco um brinde com cerveja gelada para mostrar que algumas coisas nao mudam nunca! 
tim-tim!   Feliz Natal!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Perfume de pão



O telefone tocou de manhã, era Maria Neusa, a prima queridona, lá de Sorocaba:-)
"lembra da receita de cufa? estou mandando..."
Conversamos mais dois minutinhos e eu já sentia o perfume do pao doce invadindo minhas lembrancas.
Casa de minha tia, minhas primas jovens e lindas, para onde eu corria quando era feriado prolongado ou fim de ano.
Ah! o perfume! Não só do pao doce, mas da lavanda no sabonete do banheiro,  da cera em pasta usada nos tacos de madeira, do sabão em pedra misturado com sol nas roupas de cama.
Tardes de sábado, uma enrolando "bobies" nos cabelos da outra, fazendo "toucas", lixando os pés, pintando unhas...
Com que roupas vamos sair? Ah! grande dilema! esses eram nossos grandes problemas.
E se eu fosse com a sua saia plissada e voce com meu vestido de bolas? Não fica bem?
Então voce vai com minha calca marrom e eu com o vestido da Neli, aquele xadrez...
Que delicia! saíamos todas cheirosas, deixando um rastro de gargalhadas e broncas de minha tia pedindo para nao passar das 10 horas da noite.
O tio, que fazia um enorme sacrificio para ser sisudo e implicante, dava umas risadinhas quando a tia gritava do terraco:
"...olhem...venham todas juntas,  fiquem juntas na praca, tratem de se comportar, senao...."
O tio completava, sempre querendo ser muito bravo:
"senao vao se ver comigo, a coisa muda..."
Nessas alturas ja viravamos a esquina rumo ao centro,   antevendo as paqueras, as conversas com amigas e o sorvete na casquinha.
Na volta, atravessavamos a sala como fantasmas, principalmente se passava das 10, e num sobressalto a tia abria a porta do quarto para mostrar que estava nos esperando.
Ai que susto! risadas abafadas no travesseiro, confidencias e segredos compartilhados em  sussurros....
Imaginem tudo isso num relance, na lembranca de uma receita de cufa, no perfume de pao doce que bateu trazendo saudade e alegria.
Querem a receita tambem?  vou compartilhar:

Cufa
1K farinha de trigo
300 g de açùcar
4 colh de manteiga
3 ovos
50 g de fermento de pão
mais ou menos 3/4 de leite ( levemente morno)
Uvas passas ( antes de utilizar deixe de molho em vinho ou conhaque e açúcar)
Dissolver o fermento no leite com o açúcar e vai acrescentando os demais ingredientes. Bater bem até formar bolhas, pois a massa fica mais mole que a de pão. Acrescente as uvas escorridas. Deixa crescer por meia hora  na  assadeira retangular grande (grande em!). Daí coloca por cima a farofinha.

Receita da farofinha

1/2 xíc. far. de trigo
1/2 xic. açúcar
1/2 xic de manteiga
Mistura tudo muito bem ( com as mãos) e depois da massa crescida coloca por cima, leva assar no forno pre aquecido.
                                                                        
                                                                                                                                              
Apenas uma observacao! ao tirar do forno corre-se um grande risco de sair rodando e dancando pela cozinha, cantarolando uma musica alegre e embriagada pelo perfume de pao doce.  Cuidado!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Para o Tide



Meu pai nasceu em Capivari, no interior de Sao Paulo, proximo de Piracicaba.
A fazenda de cana de acucar e engenho, onde viu a luz do sol pela primeira vez chama-se Samambaia.
Ainda hoje existe essa comunidade.  Foi la que tudo comecou.
Ainda me lembro de seu olhar de desafio quando contou assim:

"...quando montei no trem para Campo Grande, Mato Grosso, para  fazer o tiro de guerra, jurei que nunca mais voltava para a lavoura. Nunca mais andar descalco pela geada, sem sapatos, apenas alpargatas sem meia. Nunca mais voltar para casa feito um tatu preto de fuligem da cana, nunca mais ..."

E assim foi. Quando a guerra acabou ele foi para a industria em Sorocaba.
Sapatos nos pes, uma vontade medonha de vencer na vida, uma dignidade a qualquer prova.
Passou por grandes provacoes, mudou de cidade, de empresa, ficou viuvo muito cedo.

Possuia uma educacao esmerada para receber em sua humilde casa. Um homem de vanguarda, que conversava sobre tudo, sem pudores e muito menos grosserias.
Vaidoso, amigo dos filhos, generoso e divertido.

Ontem , dia 04 de dezembro foi seu aniversario.
Faria 88 anos. Partiu fazem 10, deixando um vazio enorme.
Poderia estar ainda hoje conosco, rindo seu sorriso maroto e falando bobagens para que ficassemos contentes, nao fosse a terrivel doenca que o levou.
Uma pequena homenagem a voce papai, que deixou muitos amigos e filhos orfaos.
Te amamos muito, sentimos sua falta, sentimos saudade.

Voce sabe que o nome de meu blog é uma homenagem a voce. A sua querida fazenda Samambaia, que voce deixou muito jovem, jurando nao voltar, mas que foi impossivel esquecer.

Assim como é  impossivel ver um canario da terra sem lembrar de voce, impossivel te esquecer...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ao entardecer. . .




Ah! se dependesse de mim nao haveria dor, nem medo ou angustia.
Se eu pudesse entender o mundo e seus misterios, nao haveriam duvidas, nem questionamentos, só certezas.
Se eu tivesse o poder de atrair essa energia do espaco, o calor da luz, a paz do silencio...
Ah! se eu pudesse... de maos postas pedir ao grande Regente disso tudo que nos move, e ser ouvida, e ser atendida.
Se eu nao tivesse sido tao castigada, ao ponto de nao crer.
Se eu nao tivesse me iludido tanto, a ponto de acreditar que podia deixar de crer.
Se eu nao tivesse medo de voltar a crer e sofrer tudo de novo.
Ah!  se eu fosse ainda aquela menina que de joelhos acreditava e nao tinha dúvidas nem perguntas.
Se eu pudesse hoje me ajoelhar, sem medo, e pedir como se fosse uma crianca embriagada de fé e ilusao, e merecer . . .
- que tanto pediria, entao?
Ah! eu pediria aos ceus pela saude de minha familia, pela cura dos doentes, pela alegria de nossas criancas e a fraternidade entre os irmaos.
Que nunca falte o pao, mesmo que seja apenas o pao, e que transborde dos coracoes a tolerancia e o respeito, sem faltar o amor.

""Mestre do universo, senhor das luzes e dos ventos,  volte os olhos para os doentes e os que sofrem, mostre-lhes, e também a mim, todo o poder de sua misericordia. E perdoa-nos.""

Amém !

sábado, 19 de novembro de 2011

Uma visita horripilante

Tinha sido um domingo bem agitado por aqui. Os netos brincando e os adultos falando todos ao mesmo tempo, como de hábito. Já estava só,  organizando o apartamento antes de me deitar quando ao passar pela sala me deparo com a estranha visita.
Quietinha, bem ao pé da "cadeira do vovô" que já não tem mais o vovô mas está ali na sala, participando de nossas vidas. Ela...a aranha!!! Não queiram saber o horror que eu tenho de aranha!
É físico,  me arrepio toda, fico paralisada e gelada. Pensei rapidamente :-"o que é isso? uma aranha num apartamento? no quinto andar?".
Continuei pensando e olhando para ela que também (acreditem) olhava para mim, petrificada.
Como a poltrona havia estado na tapeçaria para uma pequena reforma eu logo pensei:- "é isso, aqueles tapeceiros distraidos não viram que havia uma aranha dentro e trouxeram essa coisa horrorosa até aqui"!
Ai Meu Deus! o que eu tinha que fazer?  O primeiro impulso foi sair correndo e chamar o síndico, no andar de baixo.
Mas meu alerta   "se manca Ivani" começou a piscar. Já era tarde, não poderia incomodar o pobre homem.
Ai, ...tudo isso passava pela minha cabeça em segundos enquanto eu não tirava os olhos da garota cheia de pernas, preta,  provavelmente  analisando todos os meus movimentos.
Pensei:- tenho que matá-la, essa situação é ridícula.
- Ivani...você é muito maior  que ela, pegue a vassoura e vapt!!! coragem mulher!
Fui bem devagar até a lavanderia, peguei a vassoura dura de esfregar chão, voltei disfarçadamente como se fosse apenas dar uma varridinha na sala ( para ela não desconfiar de nada ) enchi-me de muita  coragem  e taquei-lhe a vassoura com gosto.
Sentia-me tão mal que não tinha coragem de tirar a vassoura de cima dela. O que fiz? fui arrastando a nojenta  com toda a minha força até a porta do terraço, abri e - vapt!!! lá se foi ela com vassoura e tudo!
Fechei rapidamente a porta e coloquei um pano embaixo para que, caso a visita não tivesse morrido, não resolvesse voltar.
Fui dormir depois de tomar um tranquilizante porque meus nervos estavam esfacelados.
No dia seguinte vou devagar dar uma olhadinha no estrago. Pensei que a pobre estaria lá, rodeada de formigas, pernas para o alto.
Qual o que...ela estava em pé, ao lado da vassoura caída, implacável, olhando para mim, desafiadora. Peguei a vassoura com cuidado, bati mais algumas vezes porque afinal,  era ela ou eu!
Foi quando percebi que meus golpes não a atingiam porque era uma aranha de plástico, um brinquedo que meu neto esqueceu de recolher. Queria ter visto a minha cara nesse momento. Ria como uma maluca, mas não tive coragem de pega-la do chão. Meu instinto não permitiu..
Ficou ali até meu neto chegar e salvar sua coleguinha, dando boas gargalhadas da minha aventura noturna.  Um dia desses me deparei com ela na fruteira. Sinceramente não consigo travar um relacionamento amigável com essa senhora cheia de pernas. . .

E você, já pagou um mico desse tamanho?

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Um quintal


Vou chama-lo de Anjo. Nunca me perdoarei por esquecer o nome real.  Se no decorrer das lembranças uma luz brilhar nessa velha cabeça com seu nome de batismo, escreverei imediatamente.
Era dono do quintal mais cobiçado do bairro. Toda a frente do terreno era ocupada por uma horta, um pequeno pomar, uma plantação de ervas medicinais e um jardim. Sim, tudo isso no quintal!
A pequena casa onde vivia com a mulher ficava nos fundos, mal se via da rua. O terreno, com leve inclinação para o alto era cercado com madeira, finas tábuas enfileiradas, e um pequeno portão que ao abrir nos dava passagem para um caminho de terra sinuoso e fresco, até o pequeno terraço.
Nesse terraço um poço de água potável,  um tanque de lavar roupas e uma pequena mesa onde repousava um filtro de barro para deixar a água mais limpa e fria. Ele insistia para que tomássemos da água,  em caneca de alumínio, tão fresca...
Tinha uma filha apenas, enfermeira de um grande hospital em São Paulo, muito pouco a víamos.
Mas vamos nos ater ao quintal. Uma grande árvore, próxima ao portão, refrescava a casa e o quintal nos dias quentes.
As verduras da horta, couves, alfaces, escarolas, cheiro verde, almeirão, eram vendidas a preços mínimos para os vizinhos, apenas para custear  mais sementes. As flores...ah! as flores!
Eram dálias, lirios, rosas, cravos, que enfeitavam a beirada da cerca e que ele colhia com prazer para  decorar a mesa de um casamento, ou para que as crianças acompanhassem  um enterro cantando hinos e carregando os pequenos buquês nas mãos.
Os pés de limão, laranja, ameixa, amora... que todos tinham também em seus quintais,  floriam e davam frutos.   Para quem pedisse ele colhia de mãos cheias, pois perdiam-se os frutos entre as flores e verduras.
Mas o que mais tenho gravado na memória é o canteiro de ervas medicinais. Perdoem-me, nunca conseguiria lembrar-me de todas. Mas algumas sim:- erva-doce, camomila, boldo, hortelã, carqueja, losna, bálsamo, e tinha uma ervazinha danada de amarga, a marcelinha,  ótima para digestão difícil.
Eram tantas que ele cultivava e dava aos punhados para quem estivesse precisando de um chá ou um emplasto.
Mas o meu Anjo não era só isso. Ele aplicava injeções, acredito que treinado pela filha,  em pessoas que estavam acamadas e não podiam ir até a farmácia. E é nesse momento da narração que me emociono e tenho as lembranças mais vivas.
Quando minha mãe estava muito mal, quase nos deixando, suas dores eram extremas e apenas um tipo de injeção a deixava tranquila.
Nosso Anjo era então chamado às pressas e aplicava-lhe o grande alivio. Olhava em volta e dizia para mim, a mais velha das crianças:-  pode me chamar quando precisar, seja qual for a hora.
Nos ultimos dias papai me acordava aflito, não raro o Edison me acompanhava  pela  rua em altas horas da madrugada para voltarmos voando sobre as asas do Anjo.
Ele nunca reclamou e nem cobrou um centavo pelas aplicações.
Muitos anos se passaram, já nem morava mais naquela cidade, quando soube de sua morte.
Inúmeras vezes visitei o bairro e passei devagar em frente ao quintal.  Agradecia  baixinho todo o carinho e devoção. Hoje há uma casa grande sobre tudo o que houve por lá. Tudo mudou. Até o verdadeiro nome dele eu tive a ousadia de esquecer.
Mas nunca esquecerei seu rosto bom, sua caixinha de aço com as seringas, sua pressa em vir correndo comigo, pelas noites escuras, pelas ruas de terra.
Esse Anjo e esse quintal eu jamais esquecerei. Que seja abençoado seu descanso. Amém!
   

    

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sinceramente . . .


Nesses dias que antecedem o feriadão me surpreendo pensando para onde gostaria de ir. O primeiro pensamento é Paraty.
Tenho alguma relação "sem noção" com aquela linda cidade. Lembro-me de ter chorado muito andando pelas ruas estreitas e olhando em minha volta, com a  emoção indescritível de reencontro.
Meu marido olhava para mim sem entender nada. Nem eu entendia, mas eu já havia estado lá, conhecia aquelas ruas e becos. Aconteceu comigo a mesma coisa quando estive pela primeira vez em São Sebastião, São Paulo.
Das outras vezes já não chorei, apenas ficava olhando, admirando, respirando fundo. Tudo que tem em Paraty me encanta e eu tenho vontade de ir correndo para lá...

                                                                            Serra Negra

Adoraria também ir até Serra Negra, aqui tão perto, ver suas vitrines de roupas de linha, confeccionadas lá mesmo, suas lojas de artigos de couro, sua praça onde sempre tem um seresteiro cantando.
Sentar sob uma árvore, apreciar um doce, um sorvete, depois voltar para casa.

                                                                          Iguape
Adoraria ir a Iguape, cidade histórica do vale do Ribeira, tombada pelo patrimonio histórico, bem ao lado de Ilha comprida.
A viagem é bonita, o vale do Ribeira é bem grande e  durante muitos quilômetros o viajante tem como companhia a exuberância da reserva florestal da Juréia. É uma maravilha, um espetáculo verde pontilhado de flores.
Sinceramente? são tantos os lugares que gostaria de ir, que se fosse enumera-los ficaria aqui escrevendo por muito tempo, e chateando vocês com tantas palavras.
Mas sabem o que vou fazer no feriado?
Ficar de plantão aguardando o pedreiro que vai arrumar o telhado de minha casa, antes que chova muito e a inquilina perca de vez a paciência comigo.
Vamos aproveitar esses dias para trabalhar. Eles trabalham e eu fico esperando os pedidos de:- dona Ivani compra mais cimento. Dona Ivani,  vou precisar de mais um pedaço de calha. Xiiiiii dona Ivani, tem muita telha quebrada, a senhora vai ter que comprar algumas, urgente em?
Deu para sentir?
Desejo a voces todos um feriado bem tranquilo, passeando ou não.
E então, contem para mim por onde gostariam de passear nesses dias...vou adorar saber.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O primeiro baile



Pense em uma garota sonhando com um baile. Pense no pai da garota não querendo deixar...
Isso lá nos anos 60, meus anos dourados, minha juventude tão distante.
Os amigos, os pais dos amigos, fizeram campanha, pediram, comprometeram-se, até que papai cedeu, e deixou!!!
Ah! o vestido! foi um parto separar o dinheiro do salário para comprar o vestido. Ele era rosa pálido, bordado à máquina com rosinhas mais escuras e brancas, modelo tubinho, comprimento na canela. Os sapatos de salto médio eram creme, meias de seda completavam o figurino. Cabelos presos, maquiagem pesada nos olhos (era moda gente!), bolsinha emprestada. E lá vou eu...
Os pais da Ideli foram em casa me buscar,  na Kombi do Sergio porque permitia levar mais pessoas.
Era o baile de aniversario de nossa fanfarra, que tinha sido "promovida" a Banda Marcial.  Para todos nós, integrantes da fanfarra e alunos do Colégio Ceneart, era motivo de muito orgulho e celebração.
Eu, metida como sempre, namorava o comandante da banda, e podia deixar de ir? Lembro-me das amigas, lindas e felizes:- Ideli, Soninha, Milena, Rose, Elirea, Lidia, tantas meu Deus, não me lembro dos nomes.
Os meninos também bonitos e bem vestidos: Fausto, Cassio, Rony, Ira, Claudio, o Branco  ...tenho todos os rostos aqui na cabeça, mas os nomes...
Uma noite linda, mágica.
Teve a maciez da seda, o perfume do caramelo, o brilho da água.
Quando a orquestra tocou a música de minha vida, La Mer, não ficou um casal sem dançar.
Meus olhos procuraram pelo salão, aflitos, pelo meu par, meu amigo e primeiro namorado.
Ficou na boca o sabor da cuba-libre, e nos ouvidos a melodia que até hoje me emociona.
Não vejo mais meus amigos, mudei-me de cidade, não me casei com o comandante.
Tive outros bailes, outras músicas outros olhos procurando pelos meus. Vale a pena recordar.
E você, tem algum momento mágico para contar? conte-me...

domingo, 30 de outubro de 2011

Nossa amiga Chica! quanto orgulho!

Nunca deixaria de homenagear minha querida amiga Chica por esse reconhecimento, merecido e oportuno.
Vejam o comentário que ela recebeu em seu blog "Coisinhas da Chica".
Fiquei tão contente que reproduzo aqui para que meus amigos (e muitos são amigos dela também) possam dividir comigo essa alegria.
Isso merece uma comemoração. Peguem as taças, copos, canecas, o que quiserem! Vamos celebrar a Chica, que faz nossos dias um tantinho mais alegres, mais emocionados, mais divertidos.
Parabéns amiga, tim-tim ...mais sucesso ainda!!!
Agora vejam. . .




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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um tio, dois tios...

Preciso pedir desculpas pela falta de comentários nos blogs amigos, mas meu computador continua transtornado, e eu mais ainda! um dia isso passa...


Eu tive um tio implicante, um tio alcoólatra, um asmático, um lindo de morrer - e que morreu muito cedo - e um subjugado pela mulher.
Tive também um tio mal humorado, um pobre demais, um que não vinha em casa sem trazer os bolsos cheios de balas (o asmático).
Desses tios apenas um está conosco. É o tio gordo e guloso, cardíaco e muito religioso.
Mas o que mais tenho saudade é do tio alcoólatra. Ele deixou de beber bem antes de morrer, recuperou-se para não dar vergonha aos netos - segundo contava - e também para manter-se lúcido e útil após a morte de minha tia, sua mulher.
Era um homem encantador. Cabelos crespos, rosto redondo, sorriso de dentes pequenos como os de meu avô.
E como meu avô ele gostava de tomar vinho. Irmão de minha mãe, eram muito amigos e compadres.
Teve quatro filhos homens tentando ter uma menina.
No último parto minha tia deu um basta! - não fico mais grávida, sei que será menino!
E ficou decretado aí o fim  do grande sonho de ter uma menina, como eu...que ele amava e cobria de mimos.
Me carregava, jogava pro alto, beijava e fazia cócegas. Levava no armazém para comprar doces, penteava meus cabelos, e dizia sempre, sempre que me abraçava:-  minha menina linda!
Com o passar do tempo fui amadurecendo e percebia quando ele estava embriagado, isso me inibia, mas ele insistia em me beijar, me abraçar...contar historias de quando eu era criança.
Eu não gostava de encontrá-lo nesse estado, sofria com minha tia e primos, mas tinha uma grande pena  daquele homem bonito e carinhoso.
Quando meus filhos nasciam  esperava uns dias e ia visitar-me, levando sempre um pedaço de tecido, como era costume, para que eu fizesse lençóis ou fronhas para o bebê.
Quem sabe uma colcha? sugeria ele com sua voz doce e baixa...
Ao atingir os cinquenta e tantos anos parou de beber, parou de andar muito pela cidade e - tenho certeza - perdeu o brilho do olhar, a lucidez o incomodava,  a vida já não tinha tanta graça.
Quando morreu eu estava longe, morando em outra cidade, papai me avisou muito tarde, já não havia tempo de chegar.
Hoje me lembrei bastante dele ao ver um anexo que recebi de um amigo. Há pessoas que passam pela nossa vida tão de leve, tão ao largo, que mal nos lembramos de seu olhar, de seu sorriso.
Meu tio "Zé" não foi assim. Ele marcou, passou bem ao lado, segurou em minhas mãos inúmeras vezes, beijou meu rosto outras tantas. Difícil esquecer, fácil sentir saudade e vontade de voltar a abraçar e ficar quietinha, enrolada em seu colo, sentindo seus dedos em meus cabelos.
Esse foi meu tio preferido - entre tantos- um dia falo do asmático, do gordo, do mal humorado, do lindo...
Ah! e tem também aquele que a mulher mandava nele, e como!
E acreditem, eu adorava aquela tia...fofa demais!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O que será isso?


Sentou-se com o livro ao colo, cansada da lida diária,  planejava ler algumas páginas, em paz.
Mas uma sensação de presença, de não estar só, teimava em deixa-la incomodada.
O que será isso?
Ao mesmo tempo tão nostálgico e tão alegre?
Saudade? Dificil definir saudade, totalmente saudade. Brutalmente saudade.
Será isso? Essa sensação de que não se está sozinha, mesmo quando a pessoa não está mais?
E quando a saudade é de um lugar, uma praia, um sitio? É outro tipo de saudade?

E quando você se pega observando um casal idoso, de mãos dadas, conversando e caminhando pelo shopping?
Aquela emoção tão profunda, aquela impotência que dói, é também saudade?
Ou será quando os netos sorriem e você pensa que tudo poderia ser mais perfeito, mais completo, se você pudesse dividir com seu amor, isso é saudade?
Quando você sente um cheiro,  experimenta uma bebida, lambe um sorvete, e tem a impressão de que já viveu isso com alguém muito amado? Isso também é um tipo de saudade.
Quando voce olha para os filhos e vê o ontem, vê como foi e adivinha como será - igual ao pai? igual à mãe? - sim...isso é saudade!
É aquela certeza da continuação, da semente bem plantada, dos frutos perfeitos brotando, mas apenas um colhendo.
É uma saudade doce, cheirosa, bonita.  Brutal, dolorida, que sangra.

Era nisso que ela pensava ao sentir-se acompanhada na hora da leitura. Na hora da paz.
Não estava só...o causador de tanta saudade estava ali, olhando para ela e sorrindo seu sorriso maroto e carinhoso, e certamente pensando:- ela continua sonhadora, essa mulher não vai mudar nunca?

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Aquele beijo (nova novela da globo rsrsrsrs)

Amigos lindos e queridos demais, dessa vez fui nocauteada por um vírus poderoso, raro, como tem que ser mesmo um vírus que se preze.
Escrevo do notebook de minha filha (coisa mais esquisita) portanto me perdoem prováveis erros ou falta de assentos.
O meu infeliz companheiro está lá...num canto de uma oficina tecnica, esperando ser atendido.
Assim que ficar livre do tal meteoro, com cauda de cometa, muita purpurina e metido a besta, prometo que volto imediatamente para avisar voces (cade o assento do chapeuzinho?).
Como desse aparelho nao (também nao acho o til) consigo postar foto ou ilustracao (sem cedilha kkkkkk) fica entao uma postagem sem graca nem colorido, muito menos assentos e pontuacoes.

Aquele beijo para voces com muito carinho e saudade. (adoro plagiar a Globo, um dia ela me processa!!!).

Deixo de ser exibida e fecho essa maquininha estranha com muita saudade e meu pedido de desculpas.
Até breve,  espero...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Primaveras no portão


As ruas empoeiradas e esburacadas do bairro pobre tinham até uma certa poesia.
Eram íngremes, com muitos terrenos baldios e mato alto.
O bairro era novo, muitas árvores e poucas casas.
Gente simples - demais - mas também digna - demais!
Crianças brincavam livremente entre a poeira, nunca importunadas pelo medo, ou pelo carro inesperado numa curva.
Eram tempos de paz, de ir à missa aos domingos, ao parque de diversões no sábado, ao circo quando chegava anualmente.
Tempos de sentar ao portão para conversar, grandes rodas de amigos, à noite, rindo e falando alto. Nem sequer um vizinho irritado exigindo silencio.
Tempos de cercas de madeira, bem baixas, fingindo proteger casas humildes e seus jardins de roseiras, dálias e cravos.
Como esquecer das margaridas e girassóis.? E também as primaveras que subiam pelo arco de bambú colocado sobre os portões.
Era tão lindo quando florescia!
No sábado à tarde a rua cheirava a bolo, pão caseiro ou acúcar derretendo para a calda do pudim.
Tempo de inocência e de grandes sonhos. Da primeira paquera e da primeira desilusão. Dos grandes e inesquecíveis amigos:
A Vera da casa de frente, a Halina logo acima, a Nena vizinha, a Celina irmã do Quinca e como chamava-se mesmo a neta da dona Ana, logo abaixo?
E a sobrinha da professora Alice, da esquina, que visitava a tia nas férias? Regina!
O Edison morria de paixão nas férias e depois morria de saudades no resto do ano.
Um bairro. . . apenas ruas poeirentas quando não chovia, e barrentas depois das águas. Um armazém...uma farmácia.
Uma igreja que tocava Ave-Maria às seis da tarde e enchia as casas de paz e nossos corações de fé.
Quanta saudade!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O temporal


Quando a tempestade passou, e a garota conseguiu finalmente sair de seu abrigo -  um toldo bem vindo que deixava molhar só os pés - o primeiro pensamento foi para seus irmãos.
Onde estarão?
Fazia tempo havia saído para comprar pão - a padaria tão longe! Sentiu o vento frio, e olhando para o céu percebeu as nuvens escuras, mas precisava comprar o pão. O que sabe sobre tempestades uma garota de 10 anos?
Mas quando saiu da padaria, o pão enrolado em papel, embaixo do braço, sentiu o medo de sempre tomar conta de seu corpo frágil.  Esse medo a acompanharia pela vida toda. Raios, trovões e muito vento.
Correu bastante, conseguiu se esconder no toldo da farmácia, com muitas pessoas espremidas procurando abrigo.
E a chuva foi cruel, barulhenta, assustadora. E a menina encolhida, com o pão para a sopa das crianças embaixo do braço, e o vestido colado ao pequeno corpo molhado e trêmulo.
Que medo! E onde estarão as crianças?
Assim que veio a "estiagem" correu mais, subiu a rua de casa, entrou como uma raio de temporal atrasado  e viu seus pequenos irmãos assustados, deitados em suas camas, chorando de pavor.
O que sabe uma menina de 10 anos? chorar junto, é claro!
Contar a eles a aventura de andar pelas ruas de enxurrada, esconder-se sob o toldo, torcendo para que eles estivessem bem...
E eles estavam - puro alivio - poderiam comer o pão com a sopa rala que só ela sabia fazer.
Porque as mães vão embora tão jovens e deixam seus filhos entregues aos  raios e  tempestades da vida?
Como pode uma menina de 10 anos explicar isso aos irmãos assustados e famintos, esperando o pão?
Perguntas que até hoje assombram a menina, hoje velha, mas que ainda sofre quando chove forte e não sabe onde estão seus filhos e netos, nem seus irmãos.
Encontrarão um toldo para  se protegerem dos raios e salvar o pão?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Explique . . .


Quando era bem menina, uns sete ou oito anos, estava na casa de minha avó Margarida, mãe de minha mãe, e guardava algumas roupas no armário do quarto.
Minha avó, mulher que exalava autoridade, e mau-humor, disse-me de sopetão: -"guardando roupas pelo avesso? arrume já ou espera para ver o que vai acontecer!"
Entendi que alguma coisa muito ruim aconteceria. O que seria? algo demoníaco? um castigo dos céus?
Então. . . na minha inocência de criança perguntei:- "mas o que vai acontecer?".
E ela, na sua ignorância de mulher mal resolvida respondeu: "deixe a roupa pelo avesso que você vai ver, já...já!"

Depois de muitos anos fui entender que tratava-se de uma ameaça. Uma maneira covarde de me forçar a dobrar as roupas do lado certo.
Porque não esqueço esse diálogo? Sempre me vinha à cabeça quando percebia que meus filhos não entendiam um comentário, ou uma pergunta.
E hoje também percebo nos olhos inocentes de meus netos o quanto é dificil aceitar a lógica dos adultos.

Devemos tomar cuidado ao tentar passar para as crianças os ensinamentos mais elementares.
Em suas cabeças ainda tão inocentes não há espaço para ironias ou ameaças veladas, que acabam deixando-as mais confusas, como aconteceu comigo.

Sei que quando precisamos fazer-nos entender - e não é fácil - devemos sentar, olhar nos olhos, falar pausadamente e com palavras bem simples. E sempre a verdade.
Não deixar margens para dúvidas. Não permitir que mais tarde lembrem-se de nós como pessoas rabugentas e infelizes.

A palavra tem um poder mágico. Ela tanto ensina quanto destrói. Vamos usa-la para plantar amor e conhecimento.
Obvio que não foi apenas essa frase que ouvi de minha avó.  Mas lembro-me tão nitidamente que fiquei a esperar o castigo, preocupada. E vovó vivia dizendo:-

- por que você deve ir? porque sim e pronto, e cala a boca!
- machucou? bem feito, assim aprende! (aprende o que?)
- tem que lavar a louça, não lave pra ver! (ver o que?)

Tudo ficava sem resposta, muito vago, muito esquisito.
Claro que vivi com mais pessoas, alguns até mais ignorantes que vovó, mas então já era mais velha e entendia que com adultos não adianta discutir, nem fazer perguntas. A maioria deles não ouve crianças...

Pobres crianças, precisam apenas de alguém que  pegue suas mãos, fale sua linguagem, olhe em seus olhos com carinho.

Vovó não era um monstro, mas também não era carinhosa. Hoje entendo que era sofrida e infeliz, mas não consigo perdoar aquela amargura toda despejada em cima de nós.
Perdão vovó, mesmo assim sinto saudades de sua polenta com almeirão e queijo.
Falar em queijo...um beijo!

sábado, 24 de setembro de 2011

Amigos



Hoje lembrei-me de um poema de Jorge Luiz Borges que começa assim:

        Não posso dar-te soluções
        para todos os problemas da vida
        nem tenho resposta
        para tuas dúvidas e temores
        mas posso escutar-se
        e compartilhar contigo . . .


Amigos para mim são tão especiais, que acredito mesmo que são presentes. Amigo a gente não escolhe, a gente sente.
Tenho poucos,  alguns muito antigos e outros tão recentes.  Uns vejo sempre, outros não vejo fazem tantos anos,  e ultimamente tenho amigos que nunca vi.
Essa nossa troca de carinho aqui no blog me proporcionou amigos virtuais, tão queridos e tão próximos, que parecemos amigos de infância.
Incrível como em um teclado frio e negro passamos emoção, sentimos os temores e as alegrias.
A sensação é de extremo companheirismo.

Somos todos corujões uns dos outros, atentos e aguardando sempre uma palavra, um estímulo.


Amizade é isso, estar ligado, pronto para estender os braços e dar confôrto, ou aplaudir, ou apenas acenar sorrindo.  Eu estou aqui, ligada... de olho em vocês. Beijo


      

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Nosso Biriba!


Ele é mesmo lindo assim, o nosso Biriba.
Tem cara de gente boa, olhar de apaixonado,  um grande companheiro.
Lá se vão 15 anos daquele sábado em que sua mãe encontrou nossa garage aberta, enrolou-se para descansar e acabou ficando para sempre. O domingo seria dia das mães e acordamos com uma linda ninhada de onze cachorrinhos, entre eles nosso lindão aí de cima.
Absolutamente vira-latas! A mãe totalmente branca, porte médio. O pai? acho que nem ela sabia.
Ficamos enlouquecidos com os filhotes. Todos saudáveis, lindos, cada um de uma cor, um tipo de orelha, uma mancha diferente. Demos nomes a todos e fomos cuidando para que ficassem fortes.
Biriba era entre todos o mais esperto, o que mais bebia o leite, o que brigava com os irmãos pela teta da mãe... enfim, um lider nato.
Com muitas lágrimas (muitas!) fomos doando a pessoas amigas os irmãos de Biriba, sempre preocupados em saber se iriam cuidar e amar nossos bebês.  Ficaram em casa ele e a mãe que começamos a chamar de "Tramela".
Não sabíamos sua idade, mas acredito que Tramela já não era tão jovem. Ficou conosco até seus ultimos dias, morreu em 2006, quando Biriba já estava com  nove anos.
Com a morte de meu marido mudei-me para um apartamento pequeno e o nosso fofão foi morar com minha filha, quintal enorme, ruas tranquilas, tudo o que ele mais gosta, e mereçe.
Aos quinze anos já está velhinho. Meio surdo (muito surdo!) andando devagar, pernas traseiras querendo endurecer, mas sempre procurando um carinho, deitando perto das crianças,  encostando na perna da gente...
Me comove vê-lo envelhecido, mas o tempo é implacável com todos, não seria com ele?
Amamos esse cachorro de maneira incondicional, como só quem ama os animais pode entender.
Seus olhos dizem tudo o que preciso ouvir dele. E ele sabe que é querido, todo cheio de dengos, de manias.


Essa simples homenagem ao Biriba faz parte do meu "projeto retôrno". Vou voltando aos poucos, ainda com alguma dificuldade, mas voltando.

Biriba, você é demais amigão!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Amarelinha



Um dia desses recebi um questionario enviado pela escola da Larinha, minha neta de 2 anos. Perguntava: qual a brincadeira que você mais gostava quando criança?
Imediatamente respondi que foi a Amarelinha.  Muitos de vocês também hão de se lembrar. E sentir saudade.
As brincadeiras de rua são as que mais deixaram saudade. 
E era interessante . . .para cada brincadeira havia uma temporada! Tanto meninas quanto meninos brincavam juntos, de roda ou de pião. De pular corda ou de jogar a bola. De amarelinha ou de cinco marias.
De soltar pipa ou de cabra cega. De esconde-esconde ou de pega-pega.

Quando as noites eram quentes as mães permitiam que ficássemos até mais tarde,  o que proporcionava a elas também a oportunidade de sentarem-se ao portão,  prosearem, descansar da lida.


Coisa boa recordar esse tempo.  Uma época em que a grande preocupação era o nosso campeonato de cinco marias, ou de amarelinha.
Quem ganhará? Não haviam premios, apenas a alegria de vencer, ou o amargo da derrota, que sempre valeu para nos ensinar que não só de vencedores era feita a vida.
Sem saber estávamos tendo a lição de como viver em comunidade,  respeitar os direitos do próximo e  aprender com a derrota.

Porque nunca nos lembramos de determinada aula de ciências, ou  daquele livro de gramática, ou de matemática, mas jamais nos esquecemos das brincadeiras de infância?  Será que é porque com elas aprendemos muitas liçoes que nos serviriam pela vida a fora? e aprendemos com alegria e descontração?

As cantigas de roda -  hoje tão criticadas pelos intelectuais e estudiosos de comportamento infantil - não formou  delinquentes nem marginais viciados em drogas.
Formou sim,  mães e pais amorosos e avós que hoje olham com preocupação para essa geração que não pode cantar "atirei o pau no gato" - por ser agressivo - ou  ler na íntegra as historias que nos encantavam.

Criança feliz é a que canta, brinca, ri muito, corre e se suja.
Criança feliz não tem medo, sente-se protegida e amada. 
E o adulto feliz é aquele que sente saudade de sua infância. Ele sabe que não voltará mais, mas sabe também que pode fechar os olhos e ir até lá, resgatar em sua memória o som das gargalhadas e dos gritos de:
peguei! agora é sua vez! passa o anel! bati! 
E o som da corda batendo no chão de terra, e as vozes altas e felizes cantando na roda. . . 


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A bolsa . . .

Nunca fui vaidosa, dessas vaidades de me enfeitar muito, me pintar muito, fazer unhas e cabelos semanalmente, e assim por diante.
Sempre me pergunto se não deveria ser mais preocupada com a apresentação, combinação de cores, qual sapato fica bem?
As roupas, a grande maioria, são presentes das meninas ou mesmo algumas peças que elas já não querem mais.
Fico feliz em usa-las, gosto mesmo de roupas já meio usadas, amaciadas, e que são muito confortáveis.
Garanto que se os comerciantes de moda feminina dependessem de mim, estariam fritos.
Bolsas então, acredito que nunca comprei uma sequer. Se as tenho é porque me foram presenteadas pelas filhas, ou esquecidas aqui em casa por elas mesmas, e eu vou usando.
E é exatamente sobre essas nossas simpáticas auxiliares que vou falar. Uma bolsa bonita transforma o visual, isso toda mulher sabe. Bolsas grandes e coloridas são práticas e nos deixam com aparência jovem, descontraída.
Bolsas pequenas e de material nobre, são elegantes e valorizam as roupas e o sapato.


Mas não tenho usado nem uma, nem outra. Minha companheira por esses duros dias que ando vivendo é esse bolsa:

Sim! a bolsa térmica, de agua quente, para dar uma trégua nas dores de coluna que me atormentam.
E a minha bolsinha térmica é exatamente dessa cor aí em cima, e tem sido uma ótima aliada nas noites de desconforto.
Pois é amigos, encontrei uma maneira divertida de contar para vocês porque ando meio sumidinha.
Não consigo ficar sentada ao computador,  mas acredito que logo poderei retomar minhas visitas e minhas postagens. Deixo aqui algumas sugestões para as amigas artesãs, algo que ultimamente tenho visto como necessidade, não vaidade:-


Olhem só ... Bela, Cris, Rosana, Eneida, Jaqueline, e todas as queridas "mãos de fada" que me visitam!
São capinhas para bolsas térmicas, fáceis de fazer e que devem trazer conforto e bem estar para o usuário.
Gostaram não é? fica aí a sugestão para as próximas feituras em tecidinhos coloridos e alegres...rsrsrs

Beijos para todos, até breve!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Uma caixinha no armário

Buscar coisas no passado para poder sorrir agora, isso eu adoro!   Dia desses lembrei-me de um pacote guardado no armário do quarto. Um canto quase esquecido, um tesouro que não tem preço.
Minha mãe guardou com muito carinho nossas roupas de batismo.  A minha e a do Edison estão comigo. 
Fazem 63 anos que fui batizada. O Edison 60 anos.
Penso que a roupinha dos gêmeos não teve o mesmo destino, foi muito usada por ser de lã, e logo depois minha mãe adoeceu. 
Lá está a caixa, com duas camisolinhas caprichosamente dobradas.  São tão delicadas, tenho medo que rasguem em minhas mãos. Amareladas e manchadas por conta do tempo...implacável com tudo!
Os detalhes são encantadores. Muitos bordadinhos à mão, rendinhas aplicadas com pontos pequeninos, fitinhas transformadas em flores tão delicadas. Como é possível tanta graça,  já fazem tantos anos!
Fico a imaginar minha mãe,  de uma simplicidade tão grande,  fazendo milagres para que seus filhos ficassem bonitos.
Claro que vou mostrar algumas fotos das roupinhas, mas primeiro uma especial: - eu aos 4 anos e o Edison com 1 ano. Dá uma olhada!

Esse vestido era todo bordado em ponto cruz no barrado, com patinhos de vários tamanhos. A calça do Edison, se vocês notarem bem, estão mais escuras nos fundilhos. Ele tinha feito xixi!!!
Quem contava isso era minha mãe, e algumas coisas a gente nunca esquece. Vamos às camisolas.
Primeiro a minha, a mais velhinha...









Agora a do Edison, mais bonita, na minha opinião:










Quando digo que são encantadoras,  sei que é porque  as vejo com imenso carinho. 
Penso em minha mãe preocupada com os mínimos detalhes, nos enfeitando para o grande dia.
Me emociono ao pensar no quanto éramos pobres e no quanto deve ter sido dificil para ela preparar nossas roupinhas.
Valeu mamãe! você plantou em nós a semente do carinho,  do amor à familia, e de valores tão importantes como dignidade e honra. Passamos isso aos nossos filhos com o mesmo olhar que você tinha.
Agora uma foto recente dos dois anjinhos da mamãe, um pouco mais amadurecidos.





Que dupla!